terça-feira, 29 de junho de 2010

Letra feia não é só pressa ou preguiça. Pode ser disgrafia

DIVULGAÇÃO IMPORTANTE!!!!

Transtorno de aprendizagem afeta a capacidade de escrever ou copiar letras, palavras e números.

Com os cadernos de caligrafia fora de moda nas escolas, a letra ilegível deixou de ser marca registrada apenas de médicos e apressados. Atraídos pelo computadores, crianças e jovens tendem a exercitar pouco a letra cursiva - antes treinada à exaustão nas folhas milimetricamente pautadas. Assim, a hora da escrita pode virar um tormento: tanto para quem escreve quanto para quem lê. Nas crianças em idade de alfabetização, no entanto, a atenção de pais e professores deve ser redobrada. Letra feia no caderno pode não ser apenas falta de jeito com o lápis ou caneta, mas, sim, um transtorno de aprendizagem conhecido como disgrafia, que afeta a capacidade de escrever ou copiar letras, palavras e números. O centro do problema está no sistema nervoso, mais precisamente nos circuitos neurológicos responsáveis pela escrita.

Estudos apontam que a disgrafia é mais comum em meninos e é detectada ainda na infância, depois que o processo de alfabetização é consolidado, por volta dos oito ou nove anos. “A disgrafia pode ocorrer em adultos também, mas somente quando ocorre uma lesão, como um derrame, que pode comprometer a coordenação motora de mãos e braços”, afirma Marco Antônio Arruda, neurologista do Instituto Glia de Cognição e Desenvolvimento. “Mas, nesse caso, já não se trata mais de disgrafia pura”.

Os sintomas da disgrafia não se referem exclusivamente à escrita. Alguns outros sinais de alerta podem ajudar os pais antes mesmo da alfabetização dos filhos. “Se você leva a criança a uma festa junina, por exemplo, observe se ela tem ritmo para acompanhar as músicas, memória para fixar os passos e atenção aos movimentos”, diz Raquel Caruso. Se observada alguma dificuldade nesse sentido, é hora de estimular a prática de exercícios físicos como correr e nadar, além de brincadeiras como amarelinha, pintura e recorte para estimular a parte motora dos pequenos. A falta dessas atividades pode comprometer o tônus muscular, piorando a já difícil situação dos disgráficos.

Rendimento escolar – É importante ressaltar que a disgrafia não compromete o desenvolvimento intelectual da criança nem é um indicador de que o Q.I. (quociente de inteligência) dela é baixo. Silvana Leporace, coordenadora do serviço de orientação educacional do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, reforça: “Geralmente, os disgráficos são alunos muito inteligentes. A comunicação oral deles é muito boa, mas, na hora de colocar as ideias no papel, eles têm muita dificuldade”, conta.

É esse desdobramento do problema que pode prejudizar o rendimento do aluno. Devido à dificuldade no ato motor, a criança demora mais a realizar algumas atividades, em comparação a seus colegas. É o caso de tarefas simples como copiar a lição da lousa. Outra situação típica: a professora pede que os estudantes redijam um texto, e o disgráfico, envergonhado pela a letra feia, conclui que nem vale a pena escrever. “Isso abala a autoestima da criança”, diz Sônia das Dores Rodrigues, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Diante do obstáculo, ele deixa de aprender.

Sem o treinamento exaustivo da caligrafia, a atenção na escola deve ser redobrada. “Se o treinamento da letra cursiva existe desde cedo, é possível encontrar os disgráficos. Com a prática em desuso, os professores e pais podem confundir digrafia com preguiça”, alerta Marco Antônio Arruda. “Mas a letra feia pode ser treinada e as crianças tidas como preguiçosas têm as habilidades necessárias para escrever bem. Já as digráficas, não: elas não tem habilidade e precisam de tratamento.”

Como tratar – Assim como em outros transtornos de aprendizagem, o tratamento da disgrafia é multidisciplinar e envolve neurologistas, psicopedadogos, fonoaudiólogos e terapeutas. Medicamentos só são indicados quando existem outros transtornos envolvidos, como déficit de atenção (DDA) ou hiperatividade.

Em relação à parte motora, Raquel Caruso, do Edac, afirma que é necessária uma preparação prévia do paciente, com exercícios mais amplos, para depois chegar à escrita. “O ponto principal é trabalhar com o corpo, com exercícios como manusear a argila e massagens, e depois partir para o específico, que é a escrita e outros problemas, como o de memória”, explica. “Vemos apenas o produto final, que é a letra ilegível, mas existe muita coisa por trás disso”. O tratamento pode levar meses e até anos, variando conforme o caso. O objetivo não é atingir a letra bonita, mas, sim, legível. E dar uma forcinha para o processo de aprendizado das crianças.

Por Nathalia Goulart
Mais informações em: www.veja.com.br

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Quem dorme até tarde não é vagabundo, diz ciência


Segundo neurologistas, o que essas pessoas têm é distúrbio do sono atrasado


Alvo de críticas de familiares e amigos, quem gosta de ficar na cama até a hora do almoço pode ter um motivo científico para a "vagabundagem": o distúrbio do sono atrasado. O assunto foi um dos temas abordados no 6º Congresso Brasileiro do Cérebro, Comportamento e Emoções, que aconteceu recentemente em Gramado.

O organismo humano tem um ciclo diário, de modo que os níveis hormonais e a temperatura do corpo se alteram ao longo do dia e da noite. Depois do almoço, por exemplo, o corpo trabalha para fazer a digestão e, conseqüentemente, a temperatura sobe, o que pode causar sonolência.

Quando dormimos, a temperatura do corpo diminui e começamos a produzir hormônios de crescimento. Se dormirmos durante a noite, no escuro, produzimos também um hormônio específico chamado melatonina, responsável por comandar o ciclo do sono e fazer com que sua qualidade seja melhor, que seja mais profundo.

Pessoas vespertinas, que têm o hábito de ir para a cama durante a madrugada e dormir até o meio dia, por exemplo, só irão começar a produzir seus hormônios por volta das 5 da manhã. Isso fará com que tenham dificuldade de ir para a cama mais cedo no outro dia e, consequentemente, de acordar mais cedo. É um hábito que só tende a piorar, porque a pessoa vai procurar fazer suas atividades durante o final da tarde e a noite, quando tem mais energia.

O pesquisador Luciano Ribeiro Jr. da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), especialista em sono, explica que esse distúrbio pode ser genético: "Pessoas com o gene da ‘vespertilidade’ têm predisposição para serem vespertinas. É claro que fator social e educação também podem favorecer”. Mas não se sabe ainda até que ponto o comportamento social pode influenciar o problema.

A questão, na verdade, é que o vespertino não se encaixa na rotina que consideramos normal e acaba prejudicado em muitos aspectos. O problema surge na infância. A criança prefere estudar durante a tarde e não consegue praticar muitas atividades de manhã. Na adolescência, a doença é acentuada, uma vez que os jovens tendem a sair à noite e dormir até tarde com mais frequência.

A característica vira um problema quando persiste na fase adulta. “O vespertino é aquele que já saiu da adolescência. Pessoas acima de 20 anos de idade que não conseguem se acostumar ao ritmo de vida que a maioria está acostumada”, diz Luciano. Segundo ele, cerca de 5% da população sofre do transtorno da fase atrasada do sono em diferentes graus e apenas uma pequena parcela acaba se adaptando à rotina contemporânea.

O pesquisador conta também que, além do preconceito sofrido pelos pais, professores e, mais tarde, pelos colegas de trabalho, o vespertino sofre de problemas psiquiátricos com maior frequência: depressão, bipolaridade, hiperatividade, déficit de atenção são os mais comuns. Além disso, a privação do sono profundo, quando sonhamos, faz com que a pessoa tenha maior susceptibilidade a vários problemas de saúde: no sistema nervoso, endócrino, renal, cardiovascular, imunológico, digestivo, além do comportamento sexual.

O tratamento não envolve apenas remédios indutores do sono, como se fosse uma insônia comum. É necessária uma terapia comportamental complexa, numa tentativa de mudar o hábito, procurando antecipar o horário do sono. Envolve estímulo de luz, atividades físicas durante a manhã e principalmente um trabalho de reeducação.

E as pessoas que têm o hábito de acordar às 4 ou 5 horas da manhã? “O lado oposto do vespertino é o que a gente chama de avanço de fase. Só que esse não tem o problema maior no sentido social. Ele está mais adaptado aos ritmos sociais e profissionais. Os meus pacientes deste tipo têm orgulho, já ouvi mais de uma vez eles dizendo ‘Deus ajuda quem cedo madruga’”, diz o neurologista.

por Bruna Bernacchi

Fonte: www.revistagalileu.globo.com

terça-feira, 22 de junho de 2010

A cacatua que aprendeu a dançar

Pássaro é um dos poucos animais que têm senso de ritmo

Há muito tempo, pesquisadores concluíram que os seres humanos eram os únicos animais que conseguiam dançar – mesmo nossos parentes próximos, os primatas, não mantêm uma batida constante nem aprendem a se mover com ritmo. Mas novas evidências mostram que alguns pássaros conseguem dançar, revelando que essa habilidade pode ter alguma relação com o aprendizado vocal.

Um grupo de pesquisadores liderado por Aniruddh Patel, do Instituto de Neurociências, em San Diego, na Califórnia, e Adena Schachner, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, estudou diversas categorias de pássaros, e entre eles encontraram uma cacatua que dançava ao som do
hit Everybody, da banda Backstreet Boys. Quando os pesquisadores aumentavam ou diminuíam o ritmo da música, a ave ajustava seus movimentos para se adaptar, eliminando a possibilidade de que ela estivesse sincronizada acidentalmente. Intrigada, Schachner e seus colegas procuraram vídeos de outros animais dançando e encontraram 15 espécies (14 papagaios e um elefante), que tinham um traço adicional: podiam imitar sons. “A correlação sugere que nossa capacidade musical surgiu do sistema de aprendizado vocal em vez de ser uma habilidade com função especial”, diz Patel.

A descoberta pode ajudar pesquisadores em transtornos de movimento a avançar em seus estudos. Até agora, os cientistas não entendem os mecanismos por trás disso, mas sabem que o cérebro dos pássaros tem alguns circuitos-chave assim como os humanos, portanto é possível que se encontrem respostas ao estudá-lo.

por Luciana Christante

Fonte: Revista mente e cérebro (Junho/2010).

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Preparação Psicológica: Copa do Mundo

Entrando no clima de Copa do Mundo, qual a importância da preparação psicológica para determinar a vitória nesse campeonato, onde também é uma vitrine de craques e estrelas do futebol. Por quê essa preparação é tão importante nesse tipo de competição?

"O que se consagrou chamar de “parte psicológica” mais uma vez, poderá decidir o próximo campeão da Copa do Mundo, afinal de contas em uma competição cheia de craques vence aquele que tiver mais “cabeça e coração”, pois os músculos já estão prontos"

Em pesquisa realizada há alguns anos foi constatado um paradoxo que em época de Copa do Mundo o mesmo vem à tona com mais ênfase. O paradoxo se resume da seguinte maneira: esportistas (técnicos, atletas, professores e outros) consideram fundamental o aspecto psicológico (cognitivo e emocional) para uma boa intervenção esportiva, seja no campo amador como profissional.

No entanto, quando se verifica o que se faz e produz em termos de preparação psicológica a conclusão é que muito pouco ou nada é prescrito como treinamento propriamente dito.


Para toda nossa experiência física há uma simultaneidade psicológica da mesma maneira, para toda experiência psíquica há uma simultaneidade física. É por isso que, em pressuposto, quanto mais um atleta treina e compete mais naturalmente desenvolverá sua concentração e controle do estresse, por exemplo. Por outro lado, o atleta ao praticar exercícios físicos tende a regular suas emoções e relaxamento com eficácia.


Suspeito que esse “jogo natural” entre a parte física e psíquica produza a conclusão de que habilidades psicológicas (motivação, concentração, controle da ansiedade, cognição e outras) sejam frutos de nossas vivências. Talvez seja por isso que atletas famosos e vitoriosos que nunca fizeram treinamento psicológico descartam o mesmo, no entanto poderiam ser ainda melhores se tivessem se dedicado à sua parte emocional e cognitiva (mental), embora saibamos que treinamento físico, técnico e tático contém aspectos psicológicos indissociáveis como a concentração e persistência que sem esses não teriam êxito em suas tarefas.


É difícil não considerar a importância da parte psicológica para um atleta de rendimento. Isso é ainda mais evidente em uma Copa do Mundo e em Jogos Olímpicos, dada a exposição que os atletas têm na mídia e importância por tudo que representam esses dois maiores eventos do mundo.


Especialmente no futebol brasileiro há muita controvérsia e polêmicas em torno do treinamento psicológico, muitas vezes inúteis para a contribuição do desenvolvimento esportivo. Acontece que a matriz da questão se resume em uma única palavra: conhecimento.


Não há milagre e sim treinamento de qualidade. Tanto na iniciação esportiva, como na formação e no treinamento especializado, todos os profissionais envolvidos devem ter conhecimentos que auxiliem na integração das habilidades físicas e psicológicas que vão compor a preparação técnica, física, tática e psicológica.


Em uma seleção que vai disputar uma Copa do Mundo pode-se ter um especialista em psicologia do esporte e isso ajuda muito, se o mesmo é claro, entender de futebol. Por outro lado, um técnico que tenha ao menos conhecimento básico sobre o assunto poderá dialogar, auxiliar e participar na preparação psicológica de sua equipe.


Imaginemos como é difícil para um atleta de futebol estar diante de um pênalti em uma disputa eliminatória ou final de Copa do Mundo. Caso o mesmo não tenha treinamento do controle da ansiedade e do estresse, concentração e tampouco não saiba técnica de autorregulação psíquica (relaxamento), de certo esse atleta estará em apuros.


Não há mistério: desenvolver habilidades psicológicas para regular, promover e sofisticar a atuação esportiva com eficácia. Ou seja, desenvolver especialmente a concentração, motivação, controle do estresse e ansiedade, harmonia emocional e cognitiva (aspecto mental que envolve a técnica e tática principalmente) e outros como o relacionamento social, é o desafio para aqueles que enxergam o esporte de maneira sistemática e integral.


Observe que todas essas habilidades estão contidas na experiência esportiva desde a tenra idade e, portanto, deveriam ser levadas em conta da mesma maneira como as habilidades físicas.

Importância da habilidade psicológica na Copa do Mundo


Avalie as seguintes situações e conclua o valor da habilidade psicológica do atleta que vai disputar uma Copa do Mundo:

- Saber relaxar para dormir bem à noite antes de uma partida;

- Regular a ansiedade antes de uma cobrança de falta (goleiro ou jogador de linha);

- Concentrar do início ao fim do jogo;

- Motivar-se mesmo frente a um placar adverso;

- Mobilizar suas forças (física, emocional e cognitiva) do início ao fim dos jogos;

- Manter o equilíbrio emocional o tempo todo (mesmo quando de um erro ou provocação do adversário);

- Saber mentalizar o programa mental de um comportamento tático ofensivo ou defensivo (para evitar o jogo aleatório) e relacionar adequadamente com os atores sociais do evento (técnico, companheiros, adversários, árbitros, mídia e outros).


Em resumo, o que se consagrou chamar de “parte psicológica” mais uma vez, poderá decidir o próximo campeão da Copa do Mundo, afinal de contas em uma competição cheia de craques vence aquele que tiver mais “cabeça e coração”, pois os músculos já estão prontos.

Autor: Renato Miranda (Educador físico e doutor em Psicologia do Esporte)

Fonte: uol.com.br/vyaestelar/psicologiadoesporte



sexta-feira, 11 de junho de 2010

Como jogar melhor Guitar Hero: Durma

O tema desse post já foi publicado anteriormente aqui (post do dia 24/05), mas achei relevante a notícia. Mais uma pesquisa relacionando uma boa noite de sono e desempenho cognitivo e motor. Leiam e deixem comentários...


O desempenho em atividades que precisam de habilidade motoras complexas pode melhorar depois de dormir. É isso que sugere uma nova pesquisa apresentada esta semana nos Estados Unidos. Os pesquisadores usaram o jogo Guitar Hero III para provar que a precisão do desempenho de uma pessoas é maior depois de uma noite de sono do que depois do mesmo período acordado durante o dia. O desempenho dos participantes aumentou de 63% de notas certas quando ficaram acordados para 68% depois de dormirem.

Segundo o cientista canadense Kevin Peters, um dos responsáveis pelo estudo, os resultados provam que existe uma ligação entre dormir e capacidade motora. “Isso importante porque esses resultados indicam que dormir pode ajudar a consolidar habilidade que as pessoas usam nas vidas diariamente”, afirmou Peters, que com o autor principal artigo, Caitlin Higginson, e sua equipe de pesquisadores estudou 15 universitários (13 mulheres e dois homens) com idade média de 20 anos.

O resultado também é muito importante para jogadores de videogame e mostra um erro comum: tentar bater um recorde antes de dormir ficando acordado durante horas seguidas. Parece aqui que dormindo ficaria mais fácil conseguir jogar melhor.


Fonte: epoca.globo.com

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Música ajuda no desenvolvimento motor e cognitivo de crianças

Uma pesquisa feita na Universidade de Ben-Gurion, em Israel, sugere que bater palmas no ritmo de músicas tem uma ligação direta com o desenvolvimento de habilidades em crianças e jovens adultos.


“Nós observamos que crianças nos primeiros anos de escola que se envolviam em atividades como cantar, demonstravam diversas habilidades que não eram observadas em crianças que não tinham esse mesmo hábito”, diz Idit Sulkin, um dos pesquisadores envolvidos no estudo. “Outro ponto importante observado foi que crianças que, espontaneamente, acompanhavam as canções batendo palmas, desenvolviam mais rapidamente as capacidades relacionadas à escrita, liam melhor e demonstravam menos erros ao soletrar palavras.”


Warren Brodsky, que supervisionou a pesquisa de Sulkin, diz que o trabalho sugere que crianças que não participam desses tipos de “jogos musicais” também parecem ter maiores riscos de desenvolver problemas de aprendizado, como a dislexia, por exemplo. Os pesquisadores dizem que esse tipo de atividade contribui para treinar e desenvolver determinadas áreas do cérebro. “Essas crianças também parecem ter uma melhor integração social, de acordo com relatos de professores”, observa Brodsky.


Para o estudo, Sulkin propôs um programa de treino musical de dez semanas, que tanto podiam ser ouvir música como acompanhar essas canções batendo palmas. “Em um período muito curto de tempo, as crianças que até então nunca haviam participado desse tipo de atividade desenvolveram habilidades cognitivas de forma mais rápida do que aquelas que não participavam do programa”, diz. Mas os resultados mais proeminentes vieram daquelas que se envolviam em atividades que envolviam bater palmas. O pesquisador aponta que essas atividades fascinavam as crianças, mas que a partir de determinado momento elas eram, por diversas razões, abruptamente substituídas por atividades esportivas.


“Esse tipo de substituição pode ter relações com o processo de desenvolvimento infantil. O instinto de bater palmas acompanhando músicas parece despontar naturalmente nas crianças de 7 anos, em média, e ‘desaparecer’ quando elas atingem os 10 anos”, diz Sulkin. Nessa breve fase, as atividades envolvendo música parecem servir para aperfeiçoar determinadas necessidades de desenvolvimento – como o desenvolvimento emocional, social, fisiológico e cognitivo. É uma transição para a próxima fase do desenvolvimento cerebral, sugere o pesquisador. Sulkin aponta que estudos mais aprofundados sobre o assunto são necessários para entender melhor os efeitos da música no desenvolvimento motor e cognitivo das crianças.


Entretanto, a relação entre música e desenvolvimento intelectual já é bem conhecida dos pesquisadores, e mesmo a moda dos álbuns de música clássica para crianças (o Baby Mozart, por exemplo) foi fruto de pesquisas na área.

E os resultados positivos desse tipo de treino musical aparecem em adultos também. “Essas ‘brincadeiras’ são associadas à infância, mas estudantes universitários que participaram de treinos similares indicaram que haviam melhorado sua atenção e humor”, diz o pesquisador, apontando possíveis utilizações do método para contribuir para o bem-estar na vida adulta também.



Fonte: expressomt.com.br (via cérebro melhor)


segunda-feira, 7 de junho de 2010

Dependência Química


A Dependência Química é um conjunto de fenômenos que envolvem o comportamento, a cognição e a fisiologia corporal conseqüente ao consumo repetido de uma substância psicoativa, associado ao forte desejo de usar esta substância, juntamente com dificuldade em controlar sua utilização persistente apesar das suas conseqüências danosas. Na dependência geralmente há prioridade ao uso da droga em detrimento de outras atividades e obrigações sócio-ocupacionais.

Existe um padrão de uso repetido da substância que geralmente resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo de consumo da droga. Um diagnóstico de Dependência de Substância pode ser aplicado a qualquer classe de substâncias. Os sintomas de dependência são similares entre as várias substâncias, variando na quantidade e gravidade de tais sintomas entre uma e outra droga. Os sintomas psíquicos e sociais decorrentes da dependência do fumo, por exemplo, são absolutamente menores do que aqueles da dependência ao álcool.

As atividades sociais, ocupacionais ou recreativas podem ser seriamente prejudicadas, abandonadas ou reduzidas em virtude da dependência ou uso bastante abusivo da substância, e o dependente pode afastar-se de atividades familiares a fim de usar a droga em segredo ou para passar mais tempo com amigos usuários da substância.

As primeiras experiências com drogas ocorrem, freqüentemente, na adolescência.Fisiologicamente, na adolescência as regras costumam ser questionadas e contestadas e, juntando-se o fato desta ser uma época de experimentações, surge um risco maior para o uso de drogas ilícitas, álcool e fumo. Todavia, felizmente, nem todas as pessoas que experimentam drogas se tornam dependentes, porém, quando ocorre, a dependência química é uma doença complexa, de tratamento longo e nem sempre eficaz.

Quando se pesquisam as causas para a dependência química acaba-se sempre concluindo ser esta multideterminada, ou seja, multifatorial. Existem alguns fatores fortemente associados ao uso abusivo de drogas e dependência química, como por exemplo, os fatores genéticos, psicológicos, familiares e sociais. Em geral parece que esses fatores não costumam agir isoladamente e sim em conjunto.

Algumas causas atribuídas ao uso de drogas:

- Família: As atitudes da família com propósitos educativos parece ser um fortíssimo fator de intervenção e influência, principalmente em relação à prevenção da dependência. Dessa maneira, o meio familiar pode ser um importante elemento de proteção ou, ao contrário, de facilitação dos comportamentos de risco, do abuso ou de uma possível dependência de drogas.

- Modelo Cultural: A cultura, através da mídia fortemente penetrante no pensamento do ser humano contemporâneo, influi sobremaneira na elaboração de escalas de valores. A imagem propalada de usuários de drogas como pessoas interessantes, glamorosas, bem sucedidas sexualmente, artistas famosos, algumas vezes com destaque social e/ou econômico seguramente influi nos conceitos de certo-errado do jovem em formação. O apelo para beber é absolutamente inegável em nossa sociedade ocidental. Não se vê, socialmente, uma pessoa convidando a outra para “ir lá em casa tomar um chazinho”, ou para comemorar algum sucesso em uma confeitaria. Entre os jovens, causa muita estranheza a pessoa recusar um copo de bebida alcoólica alegando simplesmente “eu não bebo”. Possivelmente sua imagem ficará algo arranhada, principalmente para o sexo oposto.

- A Pessoa: Não se desmerece, de forma alguma, a importância da família e da sociedade no desenvolvimento e no desígnio da pessoa, entretanto, a parte mais importante desse vir-a-ser continua sempre sendo ela mesma. Juntamente com as pesquisas investigativas sobre a causalidade da dependência, devem-se enfatizar as pesquisas sobre a personalidade pré-mórbida do dependente, sobre seu histórico emocional, seus antecedentes psicopatológicos, sobre sua natureza genética, enfim, as pesquisas devem valorizar o dependente com o mesmo entusiasmo que valoriza o meio.


Dados do uso de drogas no Brasil:

Os adolescentes usuários e dependentes de drogas têm uma situação vivencial que pode ser comparada aos não dependentes da seguinte maneira:

Adolescentes Dependentes e Não Dependentes

Dependentes Químicos

%

Não está estudando

70,8%

Freqüentavam escolas públicas

79,2%

Repetência de ano pelo menos 1 vez

87,5%

Têm pais separados

79,2%

Não Dependentes

%

Estão estudando

87,5%

Freqüentam escolas particulares

79,2%

Não têm repetência

29,2%

Têm pais casados

62,5%

Broecker & Jou, 2007

Droga usada por adolescentes Dependentes e Não Dependentes

Droga

Depend.

Não Depend.

Maconha

96,0%

33,3%

Craque

79,2%

8,40%

Cocaína

50,0%

16,7%

Cola

41,7%

8,40%

Solventes

4,2%

12,5%

Broecker & Jou, 2007


Mais informações: www.psiqweb.med.br