segunda-feira, 12 de julho de 2010

Para aprender outro idioma

Apesar das promessas de métodos “fáceis” de ensino de línguas para adultos, pesquisadores garantem: maioria dos casos é preciso dedicação e coragem de se arriscar a errar, pois esse tipo de aprendizagem requer a formação de novas redes neurais – o que requer tempo e treino

O domínio de uma língua estrangeira, em especial o inglês, é uma exigência cada vez mais frequente nas empresas. A maior parte dos candidatos às vagas, por sua vez, atesta no currículo que fez cursos – o que em geral é verdade. Mas, na prática, são poucos os que sustentam uma entrevista mais detalhada em outro idioma ou mantêm uma conversação em inglês sem grande esforço. Para muitos prevalece a sensação de só cometer um erro após outro. E o pior é que a insegurança quanto à gramática e o medo de cometer equívocos terminam por comprometer as possibilidades de acerto. Em muitos casos, nem mesmo anos de aula mudam essa situação.

Talvez por isso pareça, para tanta gente, tão sedutora a proposta de eliminar as antigas tradições no ensino de línguas estrangeiras e investir em novos métodos, mais rápidos eficazes.

Os livros, CDs e DVDs para autodidatas ou prospectos de escolas particulares sempre voltam a afirmar veementemente que tudo o que precisamos é uma abordagem correta. E o melhor: podemos nos livrar com certeza das horas de estudo em casa, das listas de vocabulário, do jargão linguístico! Verdade? Especialistas acreditam que não. Principalmente quando se trata de adultos, nada substitui o trabalho duro.

É claro que há o caso de crianças que crescem em um país estrangeiro e aprendem a língua de seu ambiente sem grandes dificuldades. E avanços na psicologia e linguística poderiam ajudar a transferir mecanismos de aprendizagem semelhantes para o mundo adulto. Por trás disso não está apenas o argumento promocional de poupar os alunos do grande trabalho de aprender gramática. Pesquisadores, por sua vez, reconhecem a necessidade de adoção de modelos mais eficazes e menos penosos, já que prevalece o consenso de que nada se ganha apenas com o ensino de regras.

QUAL O CURSO MAIS ADEQUADO?
Cinco perguntas que todos deveriam se fazer:

A escola promete eliminar totalmente as aulas de gramática? Então você deve desconfiar; as chances de sucesso são duvidosas.

O significado das regras é valorizado? É bom que seja, pois a gramática como matéria de aprendizado é praticamente tão inútil quanto nenhuma gramática.

A conversação é priorizada? É fundamental que seja, pois sem a prática nem uma mochila cheia de teoria pode ajudá-lo.

Qual a postura dos professores em relação aos erros? Mesmo quando algumas frases ainda saem erradas, eles devem estimular o aluno a falar; em fases iniciais do aprendizado a supervalorização da gramática não ajuda, mas inibe.

O curso se concentra em apenas um tipo de aprendizagem? O ideal é que não. Quanto mais variada for a aula, mais provável será a possibilidade de a pessoa descobrir a melhor forma de aprender.

Por: Jan Döges
Fonte: Revista Mente e Cérebro - Julho 2010

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